ATA DA NONA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUARTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 10-7-2008.

 


Aos dez dias do mês de julho do ano de dois mil e oito, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Todeschini, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, Luiz Braz, Margarete Moraes e Sebastião Melo, Titulares, e Elói Guimarães, Não-Titular. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Reunião, compareceu o Vereador Dr. Goulart, Titular. Na ocasião, foi apregoado Comunicado de autoria do Vereador Luiz Braz, Líder da Bancada do PSDB, informando que Sua Excelência substituirá o Vereador Claudio Sebenelo na titularidade da Comissão Representativa, na presente Reunião, nos termos do artigo 83, parágrafo único, do Regimento. A seguir, foram apregoados os Memorandos nos 38 e 42/08, deferidos pelo Senhor Presidente, de autoria do Vereador Adeli Sell, solicitando autorização para representar externamente este Legislativo, respectivamente, hoje, das doze às quatorze horas, no “Meeting do Marketing – Gestão de Crise –”, e ontem, às doze horas e quinze minutos, na Reunião-Almoço “Tá na Mesa”, ambos os eventos na sede da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul – FEDERASUL –, em Porto Alegre. Também, foi apregoado o Memorando nº 138/08, firmado pelo Vereador Sebastião Melo, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, por meio do qual Sua Excelência informa a Representação Externa da Vereadora Maristela Maffei, hoje, em visita técnica à Ilha do Fundão – Campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro –, como objetivo de conhecer a tecnologia de geração de energia elétrica com uso de resíduo urbano, no Município do Rio de Janeiro – RJ. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofício s/nº, da Câmara dos Deputados; Ofícios nos 069/08, da Senhora Márcia Margarete dos Santos e outros, Coordenadores dos Conselhos Tutelares de Porto Alegre; 081/08, do Deputado Estadual Adolfo Brito, Presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; 124/08, do Senhor Miguel Wedy, Secretário Municipal do Meio Ambiente; 3200/08, do Senhor Flávio José da Silva Jaeger, Diretor-Geral do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell classificou como escandalosa a concessão, pelo Supremo Tribunal Federal, de “habeas corpus” ao Senhor Daniel Dantas, preso por suspeita de envolvimento em crimes investigados pela Operação Satiagraha, promovida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Ainda, questionou políticas de contratação de funcionários em departamentos e autarquias municipais e manifestou-se acerca da implantação, em Porto Alegre, do Centro Popular de Compras. O Vereador Carlos Todeschini protestou contra o “habeas corpus” concedido pelo Supremo Tribunal Federal ao Senhor Daniel Dantas, afirmando que a sensação hoje predominante entre os brasileiros é de impotência e de injustiça frente à liberação de presos denunciados pela Operação Satiagraha. Da mesma forma, teceu críticas ao Poder Judiciário, avaliando problemas econômicos e sociais observados no País, resultantes de crimes de corrupção e de desvio de recursos em órgãos públicos. O Vereador Luiz Braz discorreu sobre a Operação Satiagraha, que originou a prisão de pessoas com atuação destacada no mercado financeiro nacional, lamentando que a Constituição brasileira não forneça embasamento para a sustentação dessas prisões. No referente ao assunto, defendeu a necessidade de pressão junto ao Congresso Nacional, com o objetivo de reestudo das normas que vigoram na área do Direito Processual e da adequação dessa legislação à realidade do Brasil contemporâneo. O Vereador Dr. Goulart avaliou negativamente a atuação do Poder Judiciário, considerando que as leis hoje beneficiam e protegem os criminosos, colaborando para o crescimento do clima de insegurança e violência vivenciado quotidianamente pela população. Além disso, enfatizou a necessidade de construção de um hospital no bairro Restinga, lembrando convênio para a implementação dessa obra, firmado entre a Prefeitura Municipal, o Governo Federal e o Hospital Moinhos de Vento. O Vereador Haroldo de Souza replicou críticas hoje proferidas ao Governo Municipal pelo Vereador Adeli Sell, examinando o papel desempenhado pelos Vereadores no processo de fiscalização de atos do Poder Executivo. Também, declarou seu apoio à ação do Comandante Paulo Roberto Mendes Rodrigues quando de incidentes verificados no mês passado, em Porto Alegre, envolvendo integrantes da Brigada Militar e manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST. O Vereador João Antonio Dib reportou-se aos pronunciamentos efetuados por Vereadores na presente Sessão, acerca da concessão de “habeas corpus” ao Senhor Daniel Dantas, frisando que essa decisão seguiu os preceitos legais vigentes no País. Nesse sentido, criticou o Senado Federal, lembrando que essa instituição já deveria ter assumido a responsabilidade de debater e elaborar uma atualização do Código Penal Brasileiro, cujas normas datam do ano de mil novecentos e quarenta e um. A Vereadora Margarete Moraes manifestou-se em relação ao debate da TVCOM entre os candidatos à Prefeitura de Porto Alegre, ocorrido no último domingo. Ainda, criticou ação do Exército Brasileiro, que culminou com a morte de três jovens no Morro da Providência no Rio de Janeiro e elogiou a prisão, pela Polícia Federal, de envolvidos em desvio de recursos públicos. Finalizando, debateu as reformas do Auditório Araújo Vianna, a construção do hospital da Restinga e denúncias feitas contra o Senhor Garipô Selistre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Todeschini contraditou o pronunciamento de hoje do Vereador Haroldo de Souza acerca do MST, repudiando atos de violência contra esse Movimento. Também, reportou-se à possibilidade de fraudes em licitação pública no DMLU durante a gestão do Senhor Garipô Selistre e protestou contra decisão do Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, de conceder “habeas corpus” ao banqueiro Daniel Dantas. O Vereador João Antonio Dib referiu-se às ações realizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra – MST –, alegando que os integrantes dessa organização não têm o direito de destruir propriedades alheias e que deveria ser feita no Brasil uma reforma agrária junto com uma reforma agrícola. Além disso, afirmou que a decisão do Ministro Gilmar Mendes, de mandar soltar o banqueiro Daniel Dantas foi baseada estritamente no que diz a Lei. O Vereador Elói Guimarães teceu considerações acerca das funções inerentes aos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, alegando que a decisão do Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Gilmar Mendes, foi absolutamente correta ao suspender a prisão do banqueiro Daniel Dantas, acusado de tráfico de influências e desvio de recursos públicos. Nesse sentido, ressaltou que não há solução fora da legalidade e que as decisões do Judiciário tem que se lastrear na objetividade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição, o Vereador Adeli Sell pronunciou-se sobre a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, que decidiu pela soltura da prisão do banqueiro Daniel Dantas. Sobre o tema, sustentou que a Lei deve ser igual para ricos e pobres e que existe, na realidade, uma diferença de tratamento que privilegia os poderosos em detrimento daqueles que têm menos condições financeiras. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pelo Governo, o Vereador João Antonio Dib discursou relativamente ao envolvimento de integrantes das Casas Legislativas do Brasil com práticas ilegais, mencionando que diversos Senadores e Deputados Federais respondem a processos na Justiça. Ainda, declarou que os políticos deveriam passar tranqüilidade à população, quando decidem os caminhos do País, e que deveriam se preocupar mais em “ser” do que em “ter”. Às onze horas e trinta e cinco minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Sebastião Melo, Carlos Todeschini e Elói Guimarães, este nos termos do artigo 27, parágrafo único, do Regimento, e secretariados pelo Vereador Haroldo de Souza, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Haroldo de Souza, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Comunico que, na reunião da Comissão Representativa do dia de hoje, o Vereador Claudio Sebenelo, titular desta Comissão, será substituído pelo Vereador Luiz Braz, nos termos do art. 83, parágrafo único, do Regimento deste Legislativo.

Informo que o Ver. Adeli Sell estará representando a Casa no “Meeting do Marketing - Gestão de Crise”, com o palestrante Sr. Ciro Dias dos Reis, Diretor da Imagem Corporativa e Presidente da Abracom, que se realizará no dia de hoje, no evento promovido pela Federasul.

Informo que o Ver. Adeli Sell representou a Casa no “Tá na Mesa - A qualidade, a sustentabilidade e os segredos do futuro”, com o palestrante Sr. Joal Teitelbaum, Diretor-Presidente do Conselho Diretor do PGQP, realizado no dia 09 de julho de 2008.

Informo que a Verª Maristela Maffei, no dia de hoje, estará representando esta Casa na visita técnica à Ilha do Fundão - Campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro -, com o objetivo de conhecer a tecnologia de geração e energia elétrica com o uso de resíduo urbano, conforme convite em anexo.

 

Passamos às

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ADELI SELL: Meu caro Presidente, Ver. Sebastião Melo; meus caríssimos colegas Vereadores, minha Líder da Bancada, Verª Margarete Moraes; isto aqui é um escândalo nacional: “Supremo manda soltar Daniel Dantas e dez presos”. Olhem a babilônia de dinheiro que as senhoras e os senhores estão vendo na página deste jornal. (Mostra jornal.) Queria, inclusive, parabenizar este jornal por colocar a foto na capa para mostrar o que é o descalabro da injustiça neste País. Não me venham dizer que a Justiça é isto, a Justiça é aquilo - nós estamos vendo o Supremo Tribunal, a Corte máxima deste País, fazer uma barbaridade destas! Isso só pode indignar o povo brasileiro!

Nós estamos vendo a miserabilidade do nosso povo, enquanto os banqueiros... Mas quem é banqueiro? Isso é banqueiro?! Se eu fosse banqueiro, eu entrava com uma ação por danos! Porque isto aqui não é banqueiro; isto aqui é ladroagem! Ladroagem institucionalizada! Enquanto nós, no País, não temos atendimento para o nosso idoso que precisa de medicamentos de uso continuado, e não encontramos os recursos, porque alguém está metendo a mão no dinheiro público! Porque, no fundo, é dinheiro público, já que está sendo roubado do povo. Onde está a República, com um Supremo Tribunal desse quilate? É, Ver. João Antonio Dib, eu sou daqueles que não me dobro! A minha espinha não se dobra diante das injustiças! Não quero envolver todo o Judiciário, porque eu vejo que esta postura envergonha os bons Juízes desta terra, do Brasil, do Rio Grande e de Porto Alegre! Nós temos um Judiciário que já mostrou o seu valor, mandando colocar na cadeia políticos corruptos, mandando colocar na cadeia empresários corruptos. Mas isto aqui está mais do que provado: tentativa de corrupção. E não me venham com esse papo de dizer que a Polícia Federal faz ações espetaculosas! Nos Estados Unidos, nós temos a figura da foto show. No momento em que a pessoa é presa, tira-se foto para marcar. Lá é assim! Por que aqui não pode ser assim também? Por que é rico não pode passar argola? Não pode colocar algemas? Que País é este?! Que Justiça é esta?! Aqui, no Estado, nós também tivemos uma vergonha, e, graças à Polícia Federal, aconteceu o quê? Tivemos a tampa da podridão tirada do Detran. Nós tivemos também, esta semana, nos jornais daqui, a notícia do indiciamento de seis pessoas nas questões do ProJovem e Detran, inclusive ouvimos a conversa sobre dinheiro de um para o outro. Eu levei um dossiê para a Polícia Federal sobre essa triste realidade também. O papel de um Vereador é fiscalizar, antes de mais nada – nisso o Ver. João Dib e eu temos uma grande concordância. Temos que fazer leis, sim, mas fiscalizar as leis, e nós temos que mostrar o nosso trabalho de organização do povo contra as falcatruas, temos que mostrar a ética na política! Por isso eu faço uso deste momento, Ver. Elói Guimarães, do período da Comissão Representativa, para colocar a indignação, não do Adeli Sell, Vereador de Porto Alegre, mas do povo de Porto Alegre, porque eu sou uma expressão do povo. Eu estou nas ruas, eu vou para a periferia, eu vou para o Centro da Cidade, Verª Margarete Moraes, e o que as pessoas dizem é: “Tem-se que acabar com as falcatruas!” E nós, em todo momento que tivermos vez e voz, como representação do povo de Porto Alegre, Ver. Todeschini, vamos colocar: é uma vergonha nacional a dinheirama que é utilizada para corromper figuras públicas, Polícia Federal, e o Supremo manda soltar. O Supremo nos envergonhou! Talvez não todos...

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Ver. Adeli, apenas para lhe informar que V. Exª tem mais cinco minutos, porque o tempo, em Comunicações, na Representativa é de dez minutos, a não ser que haja acordo para cinco minutos.

 

O SR. ADELI SELL: Eu usarei meus próximos cinco minutos para falar da “província”, para falar de Porto Alegre, porque, afinal de contas, nós somos Vereadores de Porto Alegre. Quero levantar aqui uma outra questão: eu solicitei uma reunião da Comissão de Economia, Finanças e Orçamento para analisar o balanço da PROCEMPA e o balanço da CARRIS. Nem uma, e nem outra explicação dos dirigentes dessas empresas me convenceu. Mas eu sou cuidadoso e cauteloso. Estava lá o Ver. Luiz Braz, que acompanhou a reunião e sabe que eu não jogo coisas ao vento; eu levanto questões, porque, afinal de contas, perguntar não ofende ninguém. Eu levantei a questão dos cargos de confiança da PROCEMPA; não obtive explicações. A única explicação que recebi é que um deles, um CC “gordo”, foi demitido semana passada pelo problema do DMLU, o DMLU de então. E aqui, inclusive, houve a tentativa de uma CPI, mas essa não se constituiu. Levantei a questão do concurso para motoristas da CARRIS. Não obtive resposta aos meus Pedidos de Informações, e Vereador tem que ter o seu Pedido de Informações respondido em 30 dias – 15 dias mais 15. Não é isso, Ver. João Dib? Eu posso ir para o Ministério Público. O Diretor da CARRIS pode ser preso por não responder. Porque na CARRIS houve problemas depois, quando se abriu o concurso, porque deram um ônibus com problema na marcha. Tenho os documentos que dizem que houve um problema. Eu tenho documentos de duas grandes empresas, idôneas, ou, pelo menos, publicamente conhecidas como tal, dizendo que isso é um problema e que atrapalha o motorista. A CARRIS não fez a revisão desse concurso. Por que motivo? Como a CARRIS também não explica a “república de Eldorado do Sul”. É impressionante como Eldorado do Sul tem a capacidade de possuir seis pessoas altamente qualificadas para cargos de confiança na CARRIS. É uma coisa impressionante!

Então, essas são perguntas que faço e que merecem resposta! Porque, afinal de contas, o nosso papel é de fiscalizar! O mandato nos dá esse direito!

 

(Aparte anti-regimental do Ver. João Antonio Dib.)

 

O SR. ADELI SELL: O dever, diz o nobre Ver. João Dib. Então, eu estou levantando essas questões. Também não tem explicação a pessoa passar dois anos na PROCEMPA como estagiário e, ato contínuo, terminado o seu contrato, ser contratado por uma empresa de segurança. Dezessete deles! A gente olha os nomes e, coincidentemente, meu caro Presidente, eles coincidem com os nomes de várias pessoas famosas desta Gestão, com os mesmos sobrenomes. Coincidência?

Quero terminar, meu caro Presidente, neste minuto que me resta, para levantar o seguinte: votamos pelo Centro Popular de Compras, que está sendo feito no bairro Centro. Achávamos que deveriam fazer isso nos edifícios antigos, usá-los para esse fim. Torcemos, todos aqui, independentemente de Partido político, para dar certo, mas estou vendo que não estão se dando os meios para que os ambulantes, que vão entrar lá, paguem os 400 pilas por mês de aluguel, mais luz, água, etc. e tal. E se isso não der certo? Se não tiver o apoio da Prefeitura? Vai virar o quê? Elefante branco? Vai virar um shopping? Vai virar um estacionamento? Essas também são perguntas que faço para o bem de Porto Alegre, porque ainda há tempo de se prevenir e de garantir o sucesso desse empreendimento, porque a minha Bancada, a Verª Margarete Moraes, nós todos, os nove Vereadores do PT, votamos favoravelmente à legislação do Executivo, mas não esperem que fiquemos de olhos fechamos; estamos de olhos abertos e, permanentemente, somos vigilantes do bem-estar e da coisa pública. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Alceu Brasinha está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente.

O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente.

O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente.

O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras; Verª Margarete Moraes, nossa Líder e, em especial, todos aqueles que nos assistem pelo Canal 16. Nós estamos, não sei se chocados, Verª Margarete, mas a sensação que nos dá é de impotência e de injustiça, porque quando é para prender, torturar, bater, nos pobres, nos pretos, nos sem-terra, nos sem-teto, em quem, às vezes, faz um pequeno furto para sobreviver, para comer, aí a Polícia e a Justiça são impiedosas, rigorosas, exemplares. E quando se vê uma ação da Polícia, Verª Margarete, que bate e que, de preferência, fuzila com 200 tiros um pobre, parte da sociedade e a Justiça dizem que, pelo menos, a justiça foi feita. Agora, quando um ladrão de colarinho-branco rouba da sociedade três bilhões de reais, quando forma uma quadrilha especializada como a de Celso Pitta, Naji Nahas e Daniel Dantas - que é o dono e o controlador da telefonia no Brasil, pelos menos de metade, ou mais dela -, aí nós vemos, vergonhosamente, o Ministro do Supremo vir a público, antes do episódio, com a sentença já determinada: liberdade aos ladrões, liberdade aos bandidos de colarinho-branco, liberdade aos poderosos. E os interesses desses não são diferentes dos daqueles que derrubaram a CPMF no Congresso Nacional, é a Bancada do DEM e a Bancada do PSDB, para os quais o Gilmar Mendes foi escolhido por Fernando Henrique para ser o seu protetor. E eu sei por que esse Ministro teve essa atitude, Verª Margarete: porque ele também foi investigado por envolvimento em negócios suspeitos da Comunicação, no Governo Fernando Henrique Cardoso.

Como querem que o País tenha ética, moral e justiça se os líderes, se os chefes do Judiciário, se os chefes econômicos se autoprotegem, formando um conluio de criminosos contra a sociedade? Esse senhor, o Presidente do Supremo, tem ódio e raiva da Polícia, dos Procuradores da República, sabem por quê? Porque ele estava envolvido em uma licitação suspeita e, possivelmente, fraudulenta na época do Governo Fernando Henrique, e era um protegido do Presidente. Então, ele não suporta, Ver. Adeli Sell, investigação, ele não suporta prisão. Agora, quando é um pobre, quando é um sem-teto, quando é um sem-terra, quando é um trabalhador...

 

(Aparte anti-regimental do Ver. João Antonio Dib.)

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sim, senhor, Ver. João Antonio Dib! V. Exª desaprova porque o Celso Pitta é do seu Partido, e saiu algemado, escondendo as algemas em baixo da blusa. Agora, quando é para pobre, aí vale, não é Ver. João Antonio Dib? Agora, quando é para criminoso, chefe político-partidário, e é de vocês: do DEM, do PSDB e do PP. São eles que produzem a miséria, são eles que produzem a desgraça no País, são eles que produzem a violência. E aí há um silêncio, uma omissão, uma proteção das grandes autoridades judiciárias, como a gente vergonhosamente viu. Nós vimos, por meio de toda grande imprensa, Ver. Adeli, a tentativa de suborno aos Delegados Federais. Felizmente, há o Lula, há o Tarso Genro e o Ministério da Justiça que não aceitam pressões, que não aceitam subornos, que não avisam os criminosos antes do tempo, como sempre aconteceu neste País! Esta é a verdade! Esta é a realidade! E a Polícia Federal, exemplarmente, já prendeu dois mil grandes criminosos neste País, sem um único tiro, sem ferir ninguém. Desmantela uma quadrilha atrás da outra, e uma maior do que a outra, quadrilhas que sugam o sangue do brasileiro, que são responsáveis pela morte das criancinhas, que são responsáveis pela falta de dinheiro na Saúde, que lutaram no Congresso Nacional para acabar com a verba da CPMF para o SUS, porque eles não querem ser rastreados. E está a manifestação, hoje, daquele Senador, daquele infeliz do DEM, o Sr. Demóstenes Torres, dizendo que ele tem orgulho, porque o amigo dele é um ladrão que produz - está no jornal!

 

(Aparte anti-regimental do Ver. João Antonio Dib.)

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Desculpe, é o Sr. Heráclito Fortes, Senador do DEM pelo Piauí, que disse: “Pelo menos eu sou amigo de Daniel Dantas, que é um bandido que produz”. Produz, sim, a miséria; produz, sim, o saque das empresas públicas da telefonia, que estão aí a achacar todos os brasileiros, nos negócios da privatização.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Todeschini, o Senador Heráclito Fortes disse que era amigo de um amigo do Dantas, e que diriam que ele seria amigo de um bandido, mas se fosse, seria amigo de um bandido que produz. Segundo ele, ele não é amigo do facínora que é o Dantas.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Pois é, então, eu creio que V. Exª vai estar do lado da gente, Ver. João Dib, porque essas coisas espantam a sociedade brasileira. Nós, de um lado, vimos as filas do SUS; de outro, a Bancada financiada por Dantas - nós sabemos que ele tem uma Bancada no Congresso Nacional - expressa na Liderança do DEM, expressa na Liderança do PSDB, que derrotaram, por exemplo, a política da CPMF. Eles argumentam não querer a CPMF por haver impostos demais; mas eles não querem a CPMF para que o dinheiro deles não seja rastreado, para terem liberdade de tirar dinheiro ilicitamente do País e levá-lo aos paraísos fiscais, e, depois, aplicá-lo, esquentado-o nos mercados financeiros. Foi isso que a Polícia Federal impediu, e o fez muito bem. E aqui nós queremos aplaudir o Presidente Lula, queremos aplaudir o Ministro Tarso Genro, e queremos aplaudir todo o profissionalismo da Polícia Federal, que continuará agindo mais e melhor.

Mas, de outro lado, nós vamos descer aqui para a vida de Porto Alegre, para esta seara onde nós, Vereadores, somos representantes do povo, assim delegados pelo voto popular, e vemos situações sobre as quais continuamos a questionar: o dinheiro do DMLU para a limpeza urbana, e todos os episódios envolvendo o senhor Garipô. Estou aguardando apenas duas assinaturas, há mais vinte e seis Vereadores aqui que podem fazê-la, e que a sociedade tem em conta essa cobrança.

Esses dias saiu uma notícia sobre uma entidade que se chama Cerepal, que atende até 10 mil pessoas por mês, possui 45 funcionários e vive a duras penas, porque o Governo Municipal não repassa os recursos, ou atrasa o convênio, e o Governo Estadual simplesmente não repassa os recursos, fazendo com que algumas milhares de pessoas fiquem desassistidas completamente. Então, fazemos um apelo ao Governo do Município para que cumpra o convênio, e um apelo também ao Governo do Estado, que teve a coragem de arrecadar o dinheiro para o DPVAT - que indeniza a maior parte das pessoas acidentadas de trânsito, e que precisam de muletas, próteses e outros aparatos para movimentação -, mas que não tiveram sequer o atendimento do seguro obrigatório dos automóveis, porque o dinheiro não é repassado.

Então, venho aqui fazer mais uma triste manifestação, pois o dinheiro existe, foi recolhido, e aqueles que devem ser beneficiados por esse seguro não estão tendo o benefício. Então, a nossa solidariedade à Diretora Inajara, do Centro de Reabilitação de Porto Alegre - Cerepal -, pelo brilhante trabalho que desempenha, apesar da falta de solidariedade e de compromisso dos Governos. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Vereador Sebastião Melo, Presidente desta Casa; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores, todos nós estamos boquiabertos com aquilo que está acontecendo hoje com algumas figuras muito proeminentes, principalmente no mundo financeiro em nosso País, com o Dantas, o Naji Nahas e o Pitta, que foram presos porque estavam envolvidos em uma operação que somava, mais ou menos, dois bilhões de reais. O Dantas acabou recebendo um habeas corpus, dado pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ministro Gilmar Mendes. Só que a culpa, na verdade - e eu vi, aqui, Vereadores virem a esta tribuna e tentarem colocar a culpa no Ministro Gilmar Mendes -, não é do Ministro Gilmar Mendes. O Ministro do Supremo Tribunal Federal está cumprindo a lei; se há alguém que está errando, hoje, com relação a essa situação que se formou, é o Legislativo Federal, são os Deputados e Senadores, porque, afinal de contas, a Constituição dá todo embasamento para que o Ministro possa, cumprindo a Lei, fornecer o habeas corpus. Porque, afinal de contas, só poderia continuar preso o Sr. Daniel Dantas se houvesse uma condenação em definitivo, transitado em julgado; mas não há. Ele ainda responde a um processo, ele ainda tem direitos dentro do processo, meu amigo, Ver. Todeschini.

Então, quando o Ministro Gilmar Mendes deu o habeas corpus, é claro, deve ter sido porque um dos grandes advogados desta República lhe ofereceu todas as razões, que estão em nossa legislação, para ele embasar essa atitude. Agora, é claro, faz com que todos nós fiquemos espantados porque, afinal de contas, esse poder que tem o Sr. Daniel Dantas não é o mesmo poder de algumas outras pessoas que acabam, muitas vezes, ficando presas por dias, meses, anos, sem terem o direito de discutir e responder em liberdade. Não está errado - infelizmente, para todos nós - o Ministro Gilmar Mendes, com a atitude que ele toma, fornecendo o habeas corpus. Agora, é claro, todos queríamos que, por todos os crimes que foram praticados contra a sociedade brasileira, o Sr. Daniel Dantas permanecesse preso, e que os outros que foram presos dentro dessa operação, o Naji Nahas e o ex-Prefeito de São Paulo, continuassem presos. Mas, infelizmente, a lei atual e a nossa Constituição não fornecem bases para que o Ministro não dê o habeas corpus. Temos que pressionar, como sociedade, o Congresso Nacional, os nossos Deputados, os nossos Senadores, para que façam as alterações necessárias com relação ao Direito Processual. O Processo tem que ser modificado para não permitir que pessoas, como o Daniel Dantas, continuem soltas até a sentença transitada em julgado. A não ser, é claro, que ele tente fugir do País, a não ser que ele tente, de alguma forma, impedir que o processo possa correr normalmente e, aí, sim, ele estaria em condições de ser preso; caso contrário, realmente seria muito difícil. Mas eu quero apenas lembrar que esses dois bilhões que foram citados, aqui, eles já não mais assustam a sociedade brasileira, porque, afinal de contas, a sociedade também se chocou com mais ou menos a mesma cifra - dois bilhões de reais - daquele dono de uma agência de publicidade, que era o homem que bolava a campanha do Lula. Ele foi também acusado, naquele processo do “mensalão”, de ter desviado para o Exterior cerca de dois bilhões de reais. E uma das coisas que nós sempre falamos, aqui, desta tribuna: eu não sei como esse dinheiro todo, que foi comprovado que está lá fora, não foi repatriado. E esse cidadão, que eu não me recordo agora como é o seu nome, mas é o homem que bolou toda a campanha do Lula, ele continua sendo contratado pelo Governo Federal, a sua agência continua sendo contratada pelo Governo Federal para fazer trabalhos para o Governo. Ora, é impossível que só ele ou só a sua agência sejam competentes para formular programas que o Governo Federal deve colocar em ação. Eu não acredito nisso. Ele não é realmente uma figura única e, por isso mesmo, todos nós gostaríamos que ele também estivesse preso. Mas não está preso, infelizmente; está gozando os seus bilhões, dois bilhões de reais que também levou com relação ao “mensalão”. Ainda falando de escândalos financeiros - e eu gosto de falar sobre isso, porque, afinal de contas, nós temos, aqui, muitos assuntos para falar sobre escândalos financeiros -, eu quero citar aquele dinheiro, Ver. Dr. Goulart, que foi enviado, aqui, para os dirigentes do Partido dos Trabalhadores - ai já vou citar as cifras aqui, porque nós estávamos falando em bilhões e agora eu vou falar em milhões -, um milhão e duzentos mil reais que foram enviados daquele “mensalão” para dois dirigentes do PT. Aliás, esses dirigentes tiveram trânsito para buscar esse dinheiro e trazê-lo para cá; tudo isso ficou comprovado. Agora, o que mais deixa a gente bravo com o Judiciário é que uma Juíza - e eu não vou me lembrar aqui do nome dela - condenou esses dois dirigentes do PT, que ficaram com esse um milhão e duzentos mil reais, a pagarem cinco cestas básicas - cinco cestas básicas! E infelizmente, eu, que tenho elogiado, muitas vezes, esta aguerrida e qualificada Bancada do PT, que vem aqui fazer denúncias com relação àquilo que acontece de ruim em nossa sociedade, não veio a esta tribuna para dizer que esta atitude da Juíza estava errada. Por quê? Quando é benefício dos seus, pode? Se a corrupção está beneficiando os seus, aí não tem problema? Volta-se contra a corrupção apenas quando está do outro lado? Ora, eu acho o seguinte: se nós quisermos corrigir os problemas da nossa sociedade e se nós quisermos fazer com que a nossa sociedade possa ser realmente uma sociedade mais igual, eu tenho também que voltar os meus olhos para quilo que está acontecendo dentro do meu próprio Partido, e o PT não faz isso. Quando acontece dentro do seu próprio Partido, como é o caso, por exemplo, deste que recebeu um milhão e duzentos e pagou cinco cestas básicas, quando acontece a corrupção dentro do seu próprio Partido, aí todo mundo se cala!

Eu gostaria que realmente nós pudéssemos denunciar tanto a corrupção interna, que existe, dentro do Partido, como também aquela lá fora, e aí eu sou companheiro porque, afinal de contas, eu nunca me neguei a atacar aquilo que acontece dentro do meu Partido, o que acho errado. Então, eu acredito que esta notícia, hoje, capa de todos os jornais do Brasil, coloca a gente em sobressalto, mas ela não está, na verdade, vinculada a um erro do Ministro, do Presidente do Supremo Tribunal Federal, ela está vinculada a um erro na legislação brasileira, que tem que ser alterada.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Dr. Goulart está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. GOULART: Prezado Presidente, Ver. Sebastião Melo; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, tão poucos são os que acodem ao pedido desta Sessão em tempos de recesso, e estava ouvindo atentamente o Ver. Luiz Braz e fiquei pensando se não temos que fazer uma grande revolta para que a Justiça se estreite mais um pouco e acuda o lado do bem. A Justiça esta aí, Vereador, a serviço do mal! Vou repetir: a Justiça está a serviço do mal! Os assassinos estão soltos! Os corruptos estão mais soltos, e não acontece nada no Brasil. Por quê? Porque quadrilhas se preparam para fazer as leis, para se proteger, para se precaver. Só pode ser isso, porque não é possível que se matem crianças; que se mate motorista de táxi, que, às vezes, está com 17 ou 18 reais de féria, e o bandido vai lá, toma os 17 ou 18 reais, mata esse chefe de família e o deixa atirado num canto. E depois é solto e mata outro! E, aí, o homem do presídio de Charqueadas foge, e o juiz o coloca de novo no regime semi-aberto; e ele foge novamente, como aconteceu com esse bandido famoso. “Ah, mas a lei tem que proteger o bandido”. E ele foge de novo! Fugiu duas ou três vezes, e voltou para a cadeia, porque queriam matá-lo aqui fora; não porque ele era bonzinho ou porque o juiz chamou. E, aí, eu ouvi hoje pela manhã, mais ou menos na linha explicada pelo Ver. Luiz Braz, um juiz dizendo: “Nós não podemos fazer nada, porque a Justiça brasileira nos leva a dar liberdade para essas pessoas, porque ele é primário, porque ele tem residência fixa, porque nós sabemos se ele pode se movimentar no Brasil”. Chegou a dizer o juiz, hoje de manhã, que o Dantas, se fugisse, seria por aeroporto, e que os aeroportos poderiam informar a fuga de Dantas, que, se quiser, vai por barco, vai por foguete, vai por sputnik, vai por onde bem entender, pelo monte de dinheiro que tem e que roubou da gente, que roubou da Pátria, que roubou do povo brasileiro. Como o povo brasileiro está ali, ganhando os “mirreizinhos” que estão ajudando um pouquinho, do Bolsa Família, então, o povo brasileiro não se revolta tanto com o grande roubo que fazem do próprio povo brasileiro, porque esses homens todos estão envolvidos em roubo de dinheiro público, de dinheiro do povo, de dinheiro da saúde, do dinheiro dos remédios que não tem, dos exames aos quais eles não têm acesso, das consultas às quais eles também não têm acesso!

E aí eu falo de Brasil: nós temos que fazer um movimento de moralidade na Justiça; os direitos humanos têm que se passar para o lado do bem; os direitos humanos têm que conclamar as massas para mudar a lei; os direitos humanos não podem proteger bandido. Os direitos humanos têm que proteger aquele que sai às seis horas da manhã de casa para trabalhar, para trazer uma marmitinha para a mulher lavar, que já foi comida fria, no meio do caminho, e trazer um dinheirinho para sustentar a família; esse é que tem que ser protegido - é o cidadão de bem. Os direitos humanos têm que se pronunciar contra toda esta bandidagem que está acontecendo a favor da corrupção, porque liberar os homens, mesmo sem transitar em julgado, Ver. Braz! Um juiz pode dizer: “Não transitou em julgado, mas eu vou manter preso porque todo o Brasil sabe que é corrupto, que é ladrão, que é assassino”. Pode dizer isso: “Eu determinei, eu resolvo fazer isso”, porque é ruim para o Brasil, é ruim para a sociedade que essa pessoa esteja fora da cadeia.

E nós temos que tolerar os jornais todos, hoje, debochando da estrutura social brasileira ao dizerem: “Juizes soltam Dantas”, quando, ontem, eles anunciavam, com desespero, até com orgulho, entre aspas, que eles tinham, pela primeira vez, sido presos. Eu disse: “Não leva 12 horas”. Não levou seis horas para tirarem, Ver. Dib.

Vamos deixar os outros cinco minutos para falar sobre um assunto que também me espanta.

Nas vésperas da eleição passada para Vereador e para Prefeito, a Restinga recebeu em festa S. Exª o Ministro da Saúde, meu xará, Humberto - eu, Goulart e ele, Costa - Humberto Costa. Um amigo querido, uma vez, disse-me que tinha dinheiro na Saúde e que a gestão poderia ser boa: o Tarso Genro. Tarso Genro me disse isso uma vez, e eu fiquei feliz, porque eu era Vereador novel, estava há uns 15, 20 dias no Parlamento.

O Prefeito Verle trouxe o Ministro Humberto Costa, e lançaram a pedra fundamental do Hospital da Restinga na 4ª Unidade. Passaram-se quase quatro anos, e até agora não houve movimentação para que se fizesse esse Hospital da Restinga. E eu fui ver; primeiro, tentei falar com o atual Ministro da Saúde, e não consegui. Por telefone não se consegue, só indo a Brasília. Conversei com o Prefeito, e o Prefeito disse: “Goulart, trata-se de um convênio que foi feito àquela época com o Hospital Moinhos de Vento”. O Hospital Moinhos de Vento ficou de construir o Hospital da Restinga e 16 Unidades de Saúde da Família, porque ele, tendo a filantropia, deixa de ter gastos com alguns impostos - como o INSS, por exemplo, que ele não paga. E esse superávit que ele iria ter nas suas contas por não pagar, por renúncia fiscal, iria ser encaminhado para fazer o Hospital da Restinga, para colocar funcionários no Hospital da Restinga, o qual seria gerenciado pela Rede Municipal Pública de Saúde da Prefeitura. Aí, sim, porque ele não pode ser um pólo de saúde pública fora da Prefeitura: a gestão tem que ser oferecida para a Prefeitura.

Então, meus queridos, na véspera da eleição, o Prefeito Verle e o Ministro foram lá e disseram para aquela gente que sairia o Hospital da Restinga.

A Prefeitura me diz que é de responsabilidade do Hospital Moinhos de Vento. O Moinhos de Vento não diz nada! E nós estamos lá, naquela região longínqua, sem um hospital geral. Sem um hospital que dê um atendimento mínimo para aquela zona, que é uma verdadeira pequena cidade. A Restinga é uma verdadeira pequena cidade!

Então, os senhores vejam como é difícil nós trabalharmos com promessas.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dr. Goulart, eu não conheço o assunto tão profundamente como V. Exª, mas eu conheço alguma coisa a respeito desse convênio que foi feito para a construção do Hospital da Restinga. A parte do Município era a cedência de áreas de terra, onde seria construído o hospital. E o Município cumpriu - eu já conversei com o Prefeito Fogaça - integralmente a sua parte. Está faltando a outra.

 

O SR. DR. GOULART: Sim, dentro do convênio, o Município deu o terreno e está disposto a fazer a gestão. Está faltando o quê? Está faltando o Hospital Moinhos de Vento e o Ministério da Saúde darem as verbas, os recursos que foram prometidos nas vésperas da eleição passada.

Cuidemo-nos, porque as vésperas das eleições de agora estão chegando! Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Convido o Ver. Elói Guimarães para assumir a presidência dos trabalhos da Mesa, tendo em vista que este Presidente tem um compromisso.

O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Comunicações.

 

(O Ver. Elói Guimarães assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Vereadores, Vereadoras - há um, dois, três, quatro Vereadores na Representativa, da qual eu quase não participo, porque tenho as minhas opiniões contrárias à realização desta Sessão Plenária, para deixar bem claro. Acho que o recesso parlamentar faz com que os Vereadores continuem trabalhando, numa boa. Então, àquelas pessoas, principalmente à imprensa, que bate bastante, que encontra problemas na classe política, e também nas outras classes, quero dizer que é a sociedade que está apodrecida, a sociedade está podre.

Eu queria pegar o raciocínio do meu querido Ver. Adeli Sell - que está ali -, que falou que somos Vereadores para fiscalizar a cidade de Porto Alegre, todos nós somos Vereadores para fiscalizar a cidade de Porto Alegre. Não convenceu à Bancada do PT o balanço da CARRIS? Para nós, não nos convenceram, durante dezesseis anos, os vários balanços apresentados pelo Partido dos Trabalhadores. Se o balanço da CARRIS não convenceu o Ver. Adeli Sell; para nós, vários balanços - não foi um ou dois - não convenceram durante 16 anos. Dezesseis anos é muito tempo na política para fazer as coisas certas e também as coisas erradas, que parece que marcam bem. Então, a gente tem bem gravado na mente o que é, realmente, a Administração do Partido dos Trabalhadores. Não adiantam peças publicitárias, não adianta o jogo em que, realmente, o marketing funciona, porque, na real, no fundo, as pessoas que observam, que procuram observar os movimentos na Cidade, o que acontece aqui, o que acontece ali, sabem, realmente, o que foram os 16 anos do PT.

Então, o nosso papel é de fiscalizar também, mesmo sendo hoje da situação. Nós estamos fiscalizando, nós estamos com um problema no Camelódromo envolvendo comerciantes de uma região, onde um muro vai separar, vai tirar o acesso das pessoas e, automaticamente, vai diminuir o movimento em algumas lojas que ali estão estabelecidas há mais de 30, 40, 50 anos, Ver. João Antonio Dib. Então, a gente está atento, estamos olhando, sim, o que está acontecendo. Agora, eu não posso ser pessimista e dizer: “Se não der certo...”. Não! Se não der certo os camelôs segurarem com quatrocentos reais a luz, a água, sei lá, seja lá o que for, é evidente, que a Prefeitura, no novo Governo do Prefeito Fogaça, vai acudir aqueles que estarão ali! Porque, afinal de contas, é uma responsabilidade, sim; não é só colocar ali, deixar e não saber o que está acontecendo.

O Ver. Carlos Todeschini disse que está chocado, porque a polícia bate nos pobres, nos pretos, nos sem-teto e nos colonos. Ora, bater em pobre é sacanagem, e isso acontece mesmo, Ver. Carlos Todeschini, é verdade. Nós temos isso ainda na nossa cultura, que o cara é pobre, é maltratado; com relação aos pretos também ainda temos isso, basta um “negrinho” passar correndo na rua: “Bah! Pega ladrão!” E, às vezes, o cara está só fazendo uma educação física, uma ginástica - isso é perigoso também.

O Movimento dos Sem-Teto é um novo movimento que está surgindo aí, que a gente precisa saber qual é a origem, qual é a origem do Sem-Teto? Um Sem-Teto se juntou com outro e disse que iriam fazer um movimento social? Não, não, duvido! Um Partido Político, eu não sei ainda qual deles, eu não sei qual é o Partido que é o pai ou a mãe desses Sem-Teto. Agora - os famigerados, os marginais do MST -, não bater naqueles covardes que se escondem atrás de mulheres e de crianças para invadir propriedade privada, demolir, quebrar, fazer cocô em cima da mesa, malandro, o que é isso? Quem são essas pessoas, afinal?

Na Colômbia, comemora-se hoje o fim das FARC, o começo do fim das FARC, das famigeradas FARC que tanto prejuízo deram à sociedade daquele país! E aqui o MST é o quê, para virem cantar aqui neste plenário, falar em ética, em moral, dizer que não pode coibir a violência do Movimento dos Sem-Terra? Reforma Agrária, neste País, há muito tempo deixou de existir na sua integralidade. O que existe é um movimento social, sim, comandado pelo Partido dos Trabalhadores ainda, que toma decisões profundas, alterando a cultura brasileira, alterando os costumes brasileiros, para estabelecer aqui, sim, uma nova FARC, representada por esses famigerados covardes homens que formam as FARC, porque se escondem atrás de mulher e de criança para quebrar tudo que vêem pela frente! Comandante Mendes, toda a nossa força, toda a nossa energia e todo o nosso apoio: pau neles! Cacete nesses homens covardes!

E vir aqui, em plenário, e dizer que não se pode coibir os Sem-Terra? Mas o que é isso? Mas o que é? Pode-se invadir a casa alheia? Olha, eu não posso olhar a cara do Tarso Genro; numa boa, Luiz Braz! Eu tenho um medo desse homem, cara! Eu tenho medo do Tarso Genro, dos seus pensamentos políticos e do que ele pretende neste País! Eu tenho medo, abertamente estou dizendo para vocês! Tarso Genro, olha...

E aí vem o Todeschini aqui falar em ética, moral e justiça. Todeschini, você conhece o tal de Zé Dirceu? Você já ouviu falar em Zé Dirceu, Ver. Todeschini? O Dantas é quadrilheiro, o Nahas é quadrilheiro, têm que ir para a cadeia e, de preferência, no Presídio Central de Porto Alegre, que é o pior deste País! O Presídio Central de Porto Alegre é o pior deste País – vejam bem o que eu estou falando! Então, é para cá que têm de vir o Nahas, o Pitta; é para cá que devem vir todos os do colarinho-branco, os da gravata, como a nossa, que estamos aqui. É! Cadeia para eles! E também cadeia para o MST!

E parem de falar bobagens neste Plenário, porque a história desta Casa não foi escrita, até agora, vindo aqui, falando o que quiser, falando bobagens, para todo mundo ficar ouvindo e ficar por isso mesmo! Por favor! O PT falar em ética?

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, querida Verª Margarete Moraes, a lei deve ser clara, precisa e concisa para que seja respeitada, para que não se preste a interpretações de advogados mais hábeis, mais bem-informados, mais estudiosos; sendo clara, precisa e concisa, será bem aplicada.

A nossa Justiça é boa. O Supremo Tribunal tem Ministros, na maioria, indicados pelo Presidente Lula. E o que fez o Ministro ao conceder o habeas corpus foi atender às exigências da lei, e a lei tem de ser respeitada, senão não há por que existir Supremo Tribunal. Lamentavelmente, tem que ser respeitada. Agora, o que preciso lamentar não é a atitude do Ministro Presidente do Supremo Tribunal, e, sim, daqueles legisladores que não sabem legislar, daqueles legisladores que estão em excesso neste País e, por estarem em excesso, têm que tratar de assuntos como o sexo dos anjos, por exemplo, porque não têm o que fazer!

Hoje, pela manhã, eu ouvi o jornalista Fábio Marçal falando de Brasília que o Senado Federal, ontem, reunido, continuou em Sessão noite adentro, e o que produziu de efetivo? Mais um assessor com o salário de nove mil novecentos e alguns reais para cada um dos Senadores, esse foi o trabalho mais representativo do Senado Federal ontem. A Câmara Federal nem se reúne! Quando se olha no Plenário, está ali meia dúzia de gatos pingados, e só. Eu gosto de olhar o canal 16, o canal 17 e o canal 18 para ver Sessões, e de repente eu aprendo alguma coisa ouvindo Deputados Estaduais, Deputados Federais e especialmente Senadores. Mas eu cheguei à conclusão de que é melhor eu não continuar olhando, porque eu vou desaprender.

Nós temos excesso de Deputados Federais, são 513. Eu nunca vi reunidos os 513, nem no dia da posse. Senadores, nós temos 81, três por Estado, mas nós não precisamos de 81 Senadores. Todo mundo tem dois Senadores por Estado: os Estados Unidos têm dois Senadores por Estado e 435 Deputados para 50 Estados. Nós temos 513 para 27 Estados. Se nós tivéssemos a mesma proporção, 234 bastariam. Mas o Ministro do Supremo Tribunal, que deu o habeas corpus a pessoas as quais não há dúvida sobre os seus procedimentos, apenas cumpriu a Lei, pois ele é um guardião da Lei, que é malfeita, porque, no momento em que se pretende fazer as leis, quando os Legisladores têm que fazer leis precisas, concisas e claras para que sejam respeitadas, resolvem emendar sem conhecimento.

Ontem mesmo eu ouvia o Canal do Senado, e o Senador Casagrande, do Espírito Santo, dizia com júbilo que conseguiram fazer com que nove juristas independentes, não nove Senadores ou nove Deputados - nove juristas! -, propusessem um anteprojeto para o Código Penal. O nosso Código Penal é de 1941, tem 67 anos. Portanto, ele não está atualizado, não está dentro do que acontece no mundo moderno, ele não evoluiu. E é com esse Código Penal que o Supremo tem que fazer justiça; justiça entre aspas. Nós sabemos que é injustiça, mas está lá escrito! O Ministro do Supremo Tribunal Federal não pode fazer nada diferente.

Os Deputados Federais tinham que legislar sobre o número de Vereadores. Não o fizeram. Aí, a Justiça Eleitoral, nessa eleição que passou, estabeleceu o número de Vereadores. Aí, então, os Deputados acordaram e aumentaram o número de Vereadores. O nosso amado Brasil melhoraria enormemente, ou seja, a solução deste País estaria, penso eu, em fazermos uma Constituinte com Juristas, com Economistas, com Cientistas, com Médicos da Saúde Pública, com operários que tivessem condições, 100, ou 150, e, reunidos por um ano, elaborassem uma nova Constituição, porque aí seria a hora de diminuir o número de Deputados Federais. Nós somos tantos legisladores e não sabemos como fazer. Veja a Câmara Municipal: nós fazemos leis para Dias de todas as coisas - Dia disso, Dia daquilo, Dia daquele outro - e não resolve nada. Mas há datas, por exemplo, que nós deveríamos lembrar. Como representantes do povo, como representantes da cultura, portanto, nós deveríamos ter lembrado que, no dia 18 de junho, o Partenon Literário fez 140 anos. Eu não sabia, fiquei sabendo ontem à noite. Eu não vi esta Casa se pronunciar pelos 140 anos do Partenon Literário. E vi e ouvi, ontem, porque estava sendo comemorado o 28º ano do Periódico Torre de Pedra, das Jornalistas Elaine Torres e Jeane Weinstein. Eu acredito que foi uma proposição do Ver. Ervino Besson, que era outro Vereador que estava presente, ficou por algum tempo e saiu. Eu fiquei sabendo que as comemorações dos 140 anos do Partenon Literário vão até o dia 19 de julho, quando se comemora a refundação do Partenon Literário. Portanto, 11 anos ele vai completar no seu novo formato. Eu vi pessoas cantarem, pessoas falarem, como o nosso Joaquim Montes, Paulo Rogério, na música; Dr. José Jerônimo Filho, cantando; Nadir Dias, um advogado que me deu esclarecimentos sobre o Partenon Literário, mas não vi a Câmara festejar os 140 anos de uma glória do Rio Grande, que é o Partenon Literário.

Por isso eu digo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, enquanto nós tivermos legisladores em excesso, nós não teremos soluções para os nossos problemas. Os Ministros do Supremo continuarão decidindo em cima do Código Penal de 1941. Mas agora, até o fim do ano, esses nove juristas escolhidos acederam fazer um novo Código Penal, devem entregar ao Presidente do Senado uma minuta de anteprojeto de Código Penal. Portanto, as coisas podem mudar porque o Código será feito por juristas. Eu espero que os Senadores, alguns que não têm a mínima condição, não queiram emendar, para que depois o trabalho de seis meses de juristas - que gratuitamente, patrioticamente foram lá fazer um novo Código Penal - seja deteriorado, como está o nosso, porque as emendas pontuais que são feitas são vergonhosas, inclusive.

Portanto, a nossa solução está na diminuição do número de legisladores, e não nas decisões da Justiça, que apenas cumpre as leis existentes. É melhor cumprir leis existentes a fazer leis partidas da própria cabeça de cada Ministro do Supremo Tribunal ou de cada juiz em sua cidade. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Sebastião Melo reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Margarete Moraes está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Vereadores, Vereadoras, sobretudo o Ver. João Antonio Dib, que é sempre o primeiro a chegar e o último a sair nesta Casa; Ver. Carlos Todeschini; Ver. Adeli Sell; Ver. Elói Guimarães; e o nosso querido Presidente, Ver. Sebastião Melo, eu considero muito injusto o que falou o Ver. Luiz Braz em relação aos erros do PT, porque, na verdade, nós, da Bancada do Partido dos Trabalhadores, sempre condenamos os erros que foram feitos pela primeira vez, por isso que causou tanto escândalo, dentro e fora do Partido. Nós sempre tivemos a mesma postura. Consideramos erros graves, nunca passamos a mão na cabeça de ninguém. Sempre nos manifestamos aqui, só que os Vereadores têm pouco espaço na mídia, sobretudo a Bancada do Partido dos Trabalhadores. Mas lembro que Tarso Genro, quando era Ministro, sempre se posicionou, inclusive, o nosso Dep. Raul Pont.

Eu, na ocasião, escrevi um texto que saiu na Zero Hora, sobre isso, e posso dar cópia para vocês. Mas nós acreditamos que o PT superou essa crise, e temos sentido isso nesses primeiros dias de recesso, quando andamos pela cidade de Porto Alegre. Mas não aceitamos aqueles erros, achamos que todos devem ser indiciados, se for o caso, condenados, presos, etc., e que a Justiça deve servir para todos.

Queria perguntar ao Presidente se nesta tribuna nós podemos falar sobre campanha eleitoral, porque o Ver. Haroldo de Souza fez campanha eleitoral aqui. Ele disse “no novo Governo do Fogaça” – e isso é campanha eleitoral! E se assim puder, eu gostaria de comentar o debate que aconteceu na TVCOM, no último domingo, quando o Prefeito não foi poupado nem pela própria base aliada, porque só nesta Casa é que o defendem. Os representantes do PSDB, do PP e do DEM não pouparam o Prefeito Fogaça. Então, é importante que essa regra valha para todos, não apenas para uns, porque aqui não se pode fazer campanha eleitoral.

Dizer que o Brasil vive um momento positivo, um momento republicano, novos tempos! Mas não foi com a mesma determinação que se mandou prender sargentos, soldados, cabos, tenentes, porque eles entregaram três jovens, três cidadãos entre 20 e 23 anos, lá do Morro da Providência no Rio de Janeiro, para a quadrilha rival, entregaram e ficaram assistindo de camarote a tortura desses jovens que foram encontrados, noutro dia, num depósito de lixo, torturados e mortos. A postura dessas pessoas que compõem o Exército brasileiro é uma postura tradicional, eles só queriam dar uma surra, Ver. Todeschini, só queriam dar uma lição neles! Como se as autoridades pudessem torturar, pudessem dar uma surra - como age o Coronel Mendes. Não têm esse direito, não têm o direito de torturar as pessoas, de incitar à violência. Assim como o Ver. Haroldo não tinha o direito de, nesta tribuna, incitar à violência: “Pau neles, uma surra neles”. Ele não tem esse direito, e nós vamos ter que ter um comportamento ético dentro desta Casa, porque um Vereador não pode dizer o que disse o Ver. Haroldo de Souza, meu grande amigo, mas ele está extremamente equivocado nesse assunto.

Voltando, então: com a mesma determinação com que mandaram prender quem permitiu que torturassem e matassem três jovens no Morro da Providência, depois de três anos de investigação da Polícia Federal, com autorização da Justiça, prenderam-se banqueiros. Banqueiros do porte de Daniel Dantas, do megainvestidor Naji Nahas, e do ex-Prefeito Pitta, este denunciado pela própria esposa – foi a esposa que denunciou o Celso Pitta, em São Paulo. Dentre outros crimes, pelo mal que eles têm feito para o Brasil ao desviarem divisas para paraísos fiscais, depois reinvestirem no Brasil, sem impostos. Só nesse caso, por não pagarem impostos, eles lucraram 70 milhões. Depois do que todos os canais de televisão no Brasil mostraram: várias reuniões em restaurantes em São Paulo e as malas cheias de dinheiro - com 80 mil num caso – e era a primeira prestação; depois 40 mil para o policial; depois foi encontrado, no apartamento do Daniel Dantas, um milhão de reais. O próprio advogado do Daniel Dantas disse que não tinha como explicar, porque não tinha tido acesso aos autos, mas que não era normal que alguém tivesse dentro de casa um milhão de reais. Aí, o Presidente do STF, o Sr. Gilmar Mendes, ele mesmo um dos suspeitos, ele mesmo investigado por ligações com o submundo dos investimentos, sem ler os autos, sem saber o motivo da prisão, já deu declarações públicas dizendo que era contra a “espetacularização” promovida pela Polícia Federal, que era contra esse trabalho da Polícia Federal. Só por ter dado essas declarações, ele já deveria ser impedido, por razões éticas e morais, de proceder ao julgamento nesse caso. E aqui eu quero dizer ao Ver. Sebastião Melo, com muita sinceridade, que, quando o Senador Pedro Simon foi homenageado nesta Casa, representei a Bancada do PT com muito orgulho e disse que era um patrimônio ético do Rio Grande do Sul, o Senador Pedro Simon. Quero lamentar, porque ele nunca disse uma palavra sobre o caso do DETRAN, Ver. Adeli. Nunca se manifestou sobre a roubalheira do DETRAN, que tem nome, tem endereço, é do Partido Progressista, do PP e do PMDB. Nunca se manifestou, sendo que essa roubalheira foi confirmada naquela gravação que o Vice-Governador fez do ex-Deputado Cézar Busatto. O Cézar Busatto confirmou e garantiu isso, e o Senador Pedro Simon em silêncio. Agora, para dizer que a Polícia Federal errou, porque foi uma grande cena, um espetáculo, aí o Senador Pedro Simon está firme para dizer. Quer dizer, a gente fica com a impressão de que ele é a favor, então, de que só façam isso com os três jovens do Morro da Providência e que os grandes banqueiros possam-se livrar. Ouço o Ver. João Antonio Dib, com muito carinho.

 

O Sr. João Antonio Dib: Verª Margarete, o próprio Ministro Tarso Genro, Ministro da Justiça, está contrariado, que uma televisão tenha acompanhado...

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Uma só. Um canal apenas, é verdade.

 

O Sr. João Antonio Dib: E ele mandou verificar por que aconteceu isso.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: É verdade, por que motivo deram a informação privilegiada apenas para a Rede Globo e não para todas as televisões. O Ministro Tarso Genro tem orgulhado muito a todos nós com a sua justiça, com a sua capacidade de elaboração, com a sua determinação de não se influenciar por todo esse submundo muito forte que existe no Brasil.

Por fim, queria falar sobre o caso Garipô, hoje. Também vou dizer que parece uma piada de mau gosto que as obras do Auditório Araújo Vianna tenham sido suspensas, mais uma vez, e que o valor informado em 2006 pelo Secretário da Cultura, de um milhão, tenha passado para 3 milhões. O contrato foi de 7 milhões e 600 mil, e agora falta apenas um detalhe, segundo o Secretário Sérgius - um detalhe de 2 milhões e 400 mil -, porque não foram previstos o palco e o auditório! Então, no mínimo é uma incompetência e um amadorismo. A obra vai ficar parecida com a obra do Museu Iberê Camargo. É incomparável o Museu Iberê Camargo com a reforma do Auditório Araújo Vianna, que vai chegar aos 15 milhões, tranqüilamente, porque, de um milhão, já está em dez milhões! Então, isso é algo também que a população de Porto Alegre precisa saber: por que o Araújo Vianna está fechado, por que está deteriorando? E este Governo vai ter que prestar contas por ter destruído o Auditório Araújo Vianna.

Queria falar sobre o caso do Hospital da Restinga. O Prefeito João Verle fez a sua parte, fez a tratativa com o Hospital Moinhos de Vento, na época, que seria uma contrapartida ao não-atendimento do SUS dentro daquele Hospital, que se diz filantrópico. Agora, quem tinha que fazer o projeto era o atual Governo, quem tem que cobrar é o atual Governo Municipal, quem tem que cobrar do Hospital Moinhos de Vento é o atual Governo; sem projeto o Governo Federal não pode enviar recursos, não pode tocar nenhuma questão em Porto Alegre.

Por último, quero falar sobre o caso do Garipô Selistre, do lixo, do DMLU, quando o Ver. Todeschini encaminhou ao Ministério Público, e, a partir da Justiça, foi anulada a licitação, e o Prefeito Fogaça falou que ele anulou a licitação. Quem mandou anular foi a Justiça, e o Garipô Selistre - que tem as “costas quentes”, no Governo Municipal, e nós gostaríamos de entender o motivo - foi colocado na PROCEMPA, e desta para a Secretaria da Saúde. É algo que nós temos que investigar, que é nossa obrigação moral e ética, e vamos falar essa palavra sempre, porque é isso que precisa na política. Muito obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Ver. Melo; Ver. Adeli, nosso companheiro de Bancada; Verª Margarete, nossa Líder; eu retorno aqui à tribuna, porque não podemos deixar passar em branco a gravidade, Verª Margarete, do conteúdo da manifestação do Ver. Haroldo de Souza, fazendo uma mistura completamente inadequada, porque não há nenhuma relação entre as FARC, PT, MST, são coisas completamente distintas. E nós estamos aqui, como Partido dos Trabalhadores, num movimento, Ver. João Dib, de combate à violência, de combate à corrupção, sim, e pela ética, mas, permanentemente, vigilantes porque nós também, do Partido dos Trabalhadores, se por acaso alguém errar, achamos que tem que ser punido, tem que pagar pelos erros. Nós não estamos aqui para acobertar ninguém, em absoluto. Agora, eu quero dizer que a manifestação do Ver. Haroldo de Souza é afrontante, porque ele recomenda aqui, na tribuna, que se “dê um pau”, que se bata no MST, que é um movimento social que tem a sua autonomia, que tem luta e que busca a inclusão social. Então, isso nós não aceitamos, condenamos, e aqui a nossa militância, sim, é pela ética, pelo controle público, pelo controle social das coisas, e pela finalidade social que deveria ter este Parlamento.

Infelizmente, a maioria, aqui, não quer assinar uma CPI para investigar o Governo Municipal que está a dever no caso da megalicitação anulada no DMLU. Só para se ter uma idéia, o desvio proposto, a intenção da manipulação da licitação era de quatro vezes o volume da CPI investigada pelo DETRAN, que teve um desvio de 40 milhões de reais. Se nós não tivéssemos entrado na justiça para anular, na 5ª Vara da Fazenda Pública, a essa licitação, pelo Juiz Pedro Luiz Pozza, ela continuaria em tramitação. Esta licitação só foi suspensa em 29 de julho. Não foi o Fogaça, como ele disse, não; foi uma ação judicial, uma ação popular proposta por este Vereador.

E, portanto, há coisas que não estão explicadas: por que o Sr. Garipô foi recontratado? Por que nas mãos dele está a responsabilidade pela reforma dos postos de saúde do Município? Eu não sei exatamente quantos são, se são 80, eu vi uma notícia, pelo menos, que seriam 144. Mas essas questões são muito graves, e a Cidade espera por respostas. Agora, de forma alguma, nós toleramos manifestações aqui das do tipo que foram feitas pelo Ver. Haroldo de Souza, fazendo elogios à violência, elogios às atitudes violentas ao Coronel Mendes contra os movimentos sociais. Eu gostaria que o Ver. Haroldo de Souza se somasse à luta da sociedade brasileira, que está consternada, que está indignada, que está se sentido impotente ante as atitudes do Sr. Ministro do Supremo Tribunal. E por que isso? Não é só a responsabilidade que tem que repassar ao Legislativo; eu acho, sim, que o Código Penal Brasileiro foi feito para atender os poderosos, porque quem tem dinheiro não vai para cadeia - essa é a realidade! Quem tem bons advogados burla tudo, Ver. João Dib. Agora, se o Ministro tivesse a cara limpa e não tivesse o “rabo preso”, no linguajar popular, ele poderia ter interpretado diferente a Lei. E ele interpretou a Lei, antes, inclusive, do episódio se consolidar, porque ele, de imediato, veio às câmeras de televisão recomendar a soltura dos criminosos e criticar a Polícia Federal e o Ministério da Justiça. Porque, por coincidência, os mesmos banqueiros poderosos e inescrupulosos, que se adonaram do poder no Brasil, do serviço de telefonia, privatizado também criminosamente, têm Bancadas no Congresso Nacional que militam e que legislam contra a sociedade, vide o caso da CPMF, que foi derrubada pelas Bancadas do DEM – leia-se Daniel Dantas – e do PSDB, que não querem recursos públicos para as políticas sociais, e, sim, proteção e liberdade de ação para praticar o crime contra a sociedade, lamentavelmente, protegidos pelo Supremo. E não é por acaso que disseram os representantes desse senhor, que o problema dele era a Primeira instância, que, no Supremo, eles teriam como resolver o assunto. E foi isso que a gente viu, por isso que ele tinha preparado um suborno ao Delegado de Primeira instância, Delegado Federal, porque, nas instâncias superiores, ele tinha quem o protegesse. Infelizmente, o Brasil está do jeito que está devido a essas pessoas. O povo há de julgar. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, querida Verª Margarete Moraes, eu sou um homem da paz. Quando eu digo Saúde e PAZ!, eu não estou apenas pronunciando três palavras: “saúde e paz”; não, eu acredito na paz. Eu acho que o mundo só crescerá quando houver paz. A paz seria a solução de todos os problemas, podem ter, V. Exas, certeza disso.

Agora, o direito tem que ser respeitado. Eu não vou defender o Coronel Mendes, nem o Ministro do Tribunal, não é a minha obrigação. Mas o direito de um termina onde começa o direito do outro, e essas invasões que são feitas nem sempre são por agricultores. Há, no meio deles, pessoas que se excedem - matam animais, estragam cercas, estragam máquinas. Isso não é função de agricultor. Então, tem que ser protegido o direito daquele que é o proprietário disso tudo.

Acho muito conveniente que não houvesse violência, mas que houvesse paz, e a parceria fazendo, realmente, uma reforma agrária, juntamente com uma reforma agrícola; não apenas dar um pedaço de terra para alguém e deixá-lo lá sem saber o que fazer, para depois ele vender essa terra. Então, teriam que ser feitas, simultaneamente, reforma agrária e reforma agrícola, mostrando ao agricultor como proceder, dando-lhe condições de proceder no sentido de minorar os problemas que o mundo está enfrentando hoje quanto à falta de alimentos.

E esses que tanto se deslocam, e alguns estão sempre se deslocando, sempre em acampamentos - são alguns que estão sempre lá, são sempre os mesmos? Eu tenho a impressão de que nós teríamos soluções sem necessidade de violência, sem necessidade da força - mais do que violência, força, porque, de repente, a força se transforma em violência. Mas a força é usada para que os direitos sejam assegurados, e, quando se usa a força, há o confronto, e o confronto gera a violência. Essa que é a verdade.

Quanto ao Ministro do Supremo Tribunal, eu volto a dizer: ele não faz mais do que cumprir o que está escrito na lei, ele é o guardião da lei. O Ministro do Supremo Tribunal é a última palavra em matéria de lei. E nós fazemos leis malfeitas - eu disse antes. Agora, nove juristas vão fazer um anteprojeto do Código Penal Brasileiro, que desde 1941 é o mesmo, e nós sabemos bem que esses acréscimos nem sempre são inteligentes, nem sempre são os necessários e corretos.

Portanto, eu quero paz; paz, paz e paz, e aí se resolvem os nossos problemas. Não quero agressões nem sugestões de espancamentos, nem sugestões de violência de forma nenhuma. Tudo se decide em paz. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Ver. Sebastião Melo, eminente Presidente da Cãs; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, vive a Nação, vive o País momentos, diríamos, de grandes apreensões, na medida em que acontecimentos, os mais variados, nas mais diferentes partes do País, surpreendem, impactam a Nação. Mas eu, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que tenho uma formação jurídica e fui sempre um estudioso basicamente do Direito Constitucional, afirmaria - e todos afirmamos, evidentemente - que não há solução possível fora da legalidade. Na sociedade de massa, com as complexidades todas, contemporâneas, não há solução possível fora da legalidade, porque fora da legalidade eu coloco a questão subjetiva. Não é por aí. Eu só posso examinar toda esta problemática de forma objetiva e assentada nos preceitos da legalidade, porque, senão, será a minha verdade contra a verdade do outro e vice-versa. Montesquieu concebeu, com oportunidade de rara inteligência, a tripartição dos Poderes: Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário. A esses, ao longo da história, aqui e acolá, vêm se atribuindo as funções. Ao Poder Legislativo cabe a função de Estado para conceber a lei, para legislar; ao Poder Executivo, as funções de execução, na forma da lei - vejam bem: a execução por parte do Executivo na forma da lei; ao Judiciário, o poder de dizer o Direito.

Quando examinamos o que falava o Ver. João Antonio Dib sobre essas questões, dizendo que o Presidente do Supremo se atinha à lei; ele dizia uma verdade incontestável. Incontestável! Mas podemos examinar a questão da legitimidade; sim, podemos examinar a questão da legitimidade em campos de atuação; podemos, evidentemente. Mas não há saída, Ver. João Antonio Dib, senão pela legalidade, e, via de regra - aqui não quero fazer a defesa do Presidente do Supremo porque não é preciso -, se o Presidente do Supremo, Ver. João Antonio Dib, não procedeu na forma da legalidade, o seu ato será - poderá ser - derrubado pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal. Então, é a legalidade que comanda. Estes são os aspectos de ordem estrutural da sociedade: a lei, a legalidade. Então, não temos outra saída. “Ah, mas a lei está errada!” Essa é outra história. “Ah, mas a lei é injusta!” É outra história. Ao Legislativo, então, sim, compete alterar a lei, fazer a lei que a sociedade espera; fazer a lei que, investidos das prerrogativas, podem os representantes, porque senão vamos terminar colocando a democracia no banco dos réus. Não cabe mais aquele discurso que se fazia há tempos. Hoje está na Presidência da República um trabalhador. Um homem que tem uma história. Diziam que as elites estão no poder; coisa nenhuma, não há elites no poder. Se nós pegarmos a Constituição dos Poderes, nós vamos ver que, na Presidência da República, está um homem que foi um trabalhador, um líder sindical. Se nós pegarmos as Casas Legislativas, até que provem o contrário, expressam a vontade popular. Não temos outra forma. Então, eu tenho que trabalhar exatamente no campo da objetividade. Eu não posso dar a minha opinião de forma subjetiva: “O meu Partido é melhor, o teu não é”. Isso é um discurso que não tem auditório responsável, quando eu me transformo no dono da verdade e trabalho na área ou na forma subjetiva. Então, nós temos que trabalhar de forma objetiva. E não há solução fora da lei, da legalidade, porque, senão, é o meu direito colocado contrariamente ao direito que decorre da lei, da legalidade. Isso não é legalismo. Aquele discurso que era do passado, o discurso liberalista, não, não é isso, é objetivo, é a objetividade, é a lei no enfoque da objetividade.

Então, é com esses instrumentos que nós temos que trabalhar para poder sustentar um discurso responsável. Porque, do contrário, eu estou aqui fazendo subjetividade: “O meu é melhor, o teu não presta” - e por aí se vai. Não há solução, não há saída fora da legalidade. Muitas vezes, e nós sabemos e conhecemos, o próprio juiz – e eu não estou fazendo, aqui, defesa do Judiciário, porque este não precisa de defesa –, diante de uma situação concreta, objetiva, do ponto de vista dele, do pensamento subjetivo dele - porque ele não pode colocar a questão de forma subjetiva, ele tem que colocar de forma objetiva -, toma decisão que não condiz com a sua vontade pessoal, mas ele tem à sua frente a Lei e ele é forçado a aplicar a Lei. Se o Juiz não aplicar a lei, a sociedade entra num processo de instabilidade e aí, sim, quando o juiz ou alguém substitui a lei, nós podemos voltar ao passado e aí vermos o que a história já registrou. E aí vem até o grande exemplo: o nazismo. Olha o que aconteceu na história com o chamado nazismo, que nada mais foi do que o rompimento dos princípios da legalidade diante de um verdadeiro oba-oba, de uma multidão ensandecida buscando não sei o quê.

 

O Sr. Carlos Todeschini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado, Ver. Elói, eu creio que esse caso não faz nenhuma referência ao nazismo ou ao fascismo ou a qualquer situação que ligue ao Estado e que torna absoluto os poderosos e os governantes. O problema é que nós estamos tratando de uma situação em que o Ministro do Supremo já tinha um pré-julgamento em favor dos réus. Essa é a questão, porque a decisão e a manifestação dele foi anterior ao julgamento que ele deveria ter dado. Ele era o Ministro de plantão e ele tomaria a decisão; e ele a tomou, como fez previamente, em anúncio.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Muito bem, mas eu volto a reafirmar a questão da legalidade. Se o ato do Presidente do Supremo Tribunal Federal ferir a legalidade, esse ato será derrubado, inclusive pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal. Há recursos, há remédios. A minha tese, a sustentação que faço é no sentido de que não há vida, não há possibilidades, não há solução fora da legalidade, porque a sociedade, numa sociedade de massa como a que nós vivemos, as coisas não podem ficar no terreno da subjetividade. Devemos aplicar de forma objetiva as disposições da lei, mesmo que essa lei seja injusta. A nós, Legislativo, corresponde alterar a lei injusta, fazer a lei justa para bem interpretar o sentimento popular. Agora, fora da legalidade não há solução: a sociedade entraria num processo de instabilidade de forma insustentável, a anarquia tomaria conta da sociedade. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma Comunicação de Líder pela oposição.

 

O SR. ADELI SELL: Meu caro Ver. Sebastião Melo, falo em nome da Liderança pela oposição, do PT, do PCdoB, meus caros colegas Vereadores Margarete Moraes e Carlos Todeschini, eu também, Ver. João Dib, eu sou da paz, mas para fazer a paz e garantir a paz é preciso ter posições, atitudes. Eu acho que nós nunca vamos conquistar isso enquanto houver uma brutal separação entre alguns que têm praticamente tudo e que se utilizam do dinheiro para isso, como foi o caso das prisões recentemente ocorridas no País. Hoje se fala, inclusive no Congresso Nacional, e isso fica claro pela intervenção do Ver. Carlos Todeschini, da Bancada DD, Bancada Daniel Dantas. Isso é uma vergonha nacional! Eu quero andar pelas ruas de cabeça erguida e eu não aceito, eu não tolero que se chame político de ladrão e de um monte de coisas. Alguns são, como em toda sociedade existe, nós temos de separar o joio do trigo: mulheres e homens de bem, como nós, podemos, devemos e vamos andar de cabeça erguida pelas ruas. Eu não posso aceitar que o que foi feito seja confundido, como fez o Ver. Eloi Guimarães aqui, com o holocausto que foi o nazismo, o nazifascismo. A Polícia Federal está no seu direito e dever, como a Brigada Militar e a Polícia Civil. E aqui eu vejo os nossos seguranças parlamentares com uma histórica calejada na Segurança Pública e sabem que é preciso aplicar a lei. Eu sou um homem da defesa do direito e do dever - o Ver. João Dib tem dito isso também - e por isso, Ver. João Dib, não tem colher de chá. Seja rico ou pobre, a lei é válida para todo mundo, principalmente para os ricos, porque eles têm condições de saber e de conhecer melhor a lei do que os desvalidos. Eles sabem disso. Qual a justificativa de alguém guardar uma babilônia de dinheiro na sua casa? Imaginem só, um milhão de reais, não é pouca coisa. Eu sei o que Montesquieu nos ensinou e o mundo moderno adotou: a separação dos Poderes. Eu respeito o Poder Judiciário; eu elogio o Ministério Público pelas ações que faz, pela busca da correção e da vigilância da Lei, mas também critico todo aquele que extrapolar a Lei, porque eu também faço parte de um outro Poder, o Poder Legislativo. E este meu mandato me dá o direito a isso. Inclusive, ganhei uma ação, em primeira instância, em que um juiz diz que Vereador pode não ter sido tão educado, quando escreveu ou falou. Eu reconheço que, às vezes, eu não tenho “papas na língua”, é o meu jeito de ser, mas eu sou uma pessoa do bem. Eu sou duro com os meus adversários, mas os respeito como seres humanos. E eu quero que o Naji Nahas, o Pitta, o Daniel Dantas, na prisão, tenham um tratamento digno de prisioneiros, como eu também quero que o pessoal do PC - do Presídio Central -, tenha dignidade, e não essa coisa que a gente vê aqui no Presídio Central ou ali em Charqueadas, porque eu não me esqueci dos 111 que morreram no Carandiru. Mas eu acho que aqueles que roubam, como a ladroagem que foi a questão das privatizações, especialmente o que está acontecendo com as empresas de telecomunicações - que eu disse, aqui -, que são safadas, sem-vergonhas, é uma ladroagem, mandam contas que as pessoas não fizeram! Um cidadão que está aqui dentro desta sala me mostrou esses dias que foi feita uma cobrança de ligações que ele nunca fez, inclusive, ele não estava nem aqui, com provas de que não fez as ligações, e as empresas cobram e mandam ver; é assim com a TV a cabo, é assim com as empresas de telecomunicações, com os telefones. Aqui nós temos vários debates sobre isso, depois nos passam um aparelho de telefone que parece uma maravilha, e quando eu mostro esse telefone, as pessoas dizem: mas que coisa chique, parece um laptop; mas é um negócio de quinta categoria, que não funciona, é uma porcaria, e nós temos que pagar por esse serviço. Nós não podemos concordar com isso, por isso que algumas pessoas estão montadas, dormem em cima de pacotes de dinheiro, enquanto que os pobres dormem ao relento nas ruas das nossas cidades, nós não podemos concordar com isso. Eu quero trazer esse debate às últimas conseqüências e farei isso em qualquer espaço que me for concedido. E, finalmente, Sr. Presidente, a nossa Bancada tem mantido a sua postura de usar esta tribuna para fazer valer o seu mandato, aqui não é palanque eleitoral e nunca será, e da nossa boca não ouvirão isso. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo Governo.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, cara Verª Margarete Moraes, eu sou daqueles que acredita piamente que existe o certo e o errado, o honesto e o desonesto. Não há meio-honesto, nem meio-desonesto. Ou é um, ou é outro.

Então, nós temos que fazer respeitar a legislação existente e aprimorá-la. Eu sempre digo que o direito nasce do dever. Se todos cumprirem com o seu dever, ninguém precisa se preocupar com os seus direitos. Agora, eu também tenho que considerar que a nossa legislação, infelizmente, é feita por pessoas que me surpreendem.

Como disse antes, eu gosto de assistir ao canal 17, do Senado, porque alguns Senadores falam muito bem, têm idéias que eu entendo excelentes. Mas, de repente, eu leio os jornais e vejo que quase a maioria dos Senadores tem a ficha suja, e, agora, estão condenando aqueles que têm ficha suja nesta eleição. Mas a maioria deles responde a processo, alguns até criminais. Não é diferente na Câmara dos Deputados. Muitos respondem a processo na Justiça. E são esses os homens que nos dão os caminhos a seguir, que fazem as leis, que deveriam nos dar tranqüilidade e nos dão intranqüilidade. É claro que eu não aceito que o Sr. Pitta tenha tomado um recurso da Prefeitura de São Paulo, ou que o Sr. Dantas tenha feito manobras e mais manobras. E, como disse o Ver. Adeli Sell, tem a Bancada do Dantas no Congresso Nacional. Isso mostra o retrato perfeito das pessoas que estão nos dirigindo, que estão fazendo leis para nós. O político devia entender que ele tem que conjugar o verbo ser e não o verbo ter. Ele tem que valer pelo que ele é e não pelo que ele tem. E, quando ele conjuga o verbo ter, é provável que ele queira tomar alguma coisa que não é dele. Agora, quando ele conjugar o verbo ser, ele será sempre correto. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Estão presentes os Vereadores: Adeli Sell, Margarete Moraes, Carlos Todeschini e João Antonio Dib. Não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Reunião às 11h35min.)

 

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